Engraçado e curioso tentar
entender as pessoas que criticam programas sociais como o Bolsa Família. São as
mesmas que há duas décadas pediam nas ruas, com caras pintadas, a justa distribuição
de renda no Brasil.
Nos lugares mais
miseráveis do país, recantos estes onde os críticos nunca pisaram, o Bolsa
Família livra seres humanos da miséria absoluta, da fome. São menos pedintes
nas ruas, menor número de pessoas em vulnerabilidade social e a diminuição do
êxodo para os grandes centros urbanos, que já estão lotados.
Quem critica a
distribuição de renda, chamando-a de esmola, repete apenas o que lê nas redes
sociais ou então na mídia parcial e demagógica, que mostra apenas uma extrema
minoria de pessoas que utilizam o benefício de maneira errada. Para o “crítico
do senso comum”, as milhares de famílias que conseguem tirar seus filhos
pedintes dos semáforos são menos relevantes que um criminoso que utiliza a
fragilidade do sistema judiciário e a impunidade para roubar o dinheiro do Bolsa
Família. Quem frauda programas sociais são pessoas que não precisam se
beneficiar deles. Querer acabar com a distribuição de renda, em um país onde há
tanta desigualdade e pobreza, por causa de meia dúzia de ladrões, é culpar
aquele que mais sofre as consequências da corrupção em vez de punir o corrupto.
O que precisamos
mesmo é de punição exemplar para quem usa a máquina do governo para lucrar.
Quem obtém vantagem própria através de projetos que tem como objetivo diminuir
o sofrimento e o risco de quem está em pobreza extrema merece condenação. Não o
projeto em si. É como pedir que se pare de vender carros, porque alguns
irresponsáveis bebem e dirigem. A culpa não é do carro, nem das fábricas ou das
revendas.
A mídia parcial tira
o foco do problema, não aponta a solução e não entra no barraco de quem passa
fome, simplesmente porque este não é consumidor dos produtos que anuncia e
vende. O crítico não entende que os R$ 50,00 que gasta com cigarro ou cerveja é
o que alimenta uma família por um mês inteiro. Ou entende, mas como não é com
ele, não está nem aí. É muito mais “popular e politizado” achincalhar a esmola
e reclamar no Facebook do que tentar propor uma solução. O dinheiro que sai do
cofre público e vai para a panela do extremamente pobre, tem como objetivo
manter o menor na escola, garantir a ele um mínimo de dignidade e tirá-lo de
uma condição que ele não pediu. Se a criança nasce em um ambiente de
miserabilidade, é obrigação do Estado garantir que ela não morra nesta mesma situação.
Quem não concorda que seja assim, tem como opção a Índia, onde o regime de
castas garante que quem nasce miserável, deve morrer miserável.
O Brasil, grande país
das liberdades, laico e bonito por natureza, ainda não aprendeu a viver
democraticamente. Ainda fura a fila, pirateia o filme e pede uma ajudinha
especial para aquele seu parente funcionário público. E reclama do corrupto! O
Brasil quer o fim da pobreza matando o pobre, e não dando condições humanas a
ele. O Brasil que se acha muito esperto por conseguir importar um aparelho para
poder assistir TV por assinatura sem pagar mensalidade às operadores. O Brasil
que finge estar dormindo para não ceder o lugar ao idoso no metrô. O Brasil
quer o fim da distribuição de renda que durante tanto tempo pediu, mas aceita
dar uma graninha “por fora” para não ser multado ou ter o carro guinchado.
Torço pela manutenção
da distribuição da renda no Brasil, seja através do Bolsa Família, ou do nome
que queiram dar a ela. O dinheiro na mão de quem tem fome não está no bolso,
cueca ou meia do político corrupto. E àqueles que criticam a “esmola eleitoreira”,
espero que nunca lhes falte nada, seja comida, casa ou dignidade.
A maior pobreza do
Brasil é a de espírito. Esta, infelizmente, não pode ser erradicada com o Bolsa
Família.
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Achei que você também iria criticar o Bolsa Família. Fiquei feliz com o seu texto, concordo plenamente!
ResponderExcluirBom dia, Carina! Te enganei, né? Obrigado por prestigiar! Abraço!
ExcluirBelo texto...Nos faz refletir. Eu particularmente nunca tinha pensado tão profundamente no assunto e sim, muitas vezes me indignei com o mau uso do bolsa família e de fato, não é pq alguns usam de forma errada é que precisamos generalizar. Enfim, como sempre, escreveste muito bem. Parabéns e obrigada pelas tuas contribuições!
ResponderExcluirOi, Mariana! Muito obrigado por prestigiar, isso só me faz acreditar que estou no caminho certo... Um abração!
ExcluirLeandro, a crítica em cima da bolsa família parte de algumas pessoas tão distantes da realidade da fome, da necessidade, do medo...Recentemente o jornal Folha de São Paulo publicou, na capa a seguinte manchete: Característica do governo PT nos anos no poder: Diminuiu a desigualdade social. Tem um trecho de uma música do Ze Geraldo que pode ser cantado às pessoas que criticam a bolsa família: "... tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos". Bjs Roxane
ResponderExcluirObrigadão, Roxane! Abraço!
ExcluirSaudades de ti tchê, tudo bem? Interessantíssimo teu texto. Ponderado e reflexivo. Tapa de luvas nas já conhecidas contradições e paradoxos tão comuns, onde discurso e prática caminham em direções diametralmente opostas. Forte abraço deste eterno amigo. Gilvan.
ResponderExcluirGracias, meu amigo! Fico feliz em saber que prestigiaste minha publicação. Abraço grande!
ResponderExcluirO Programa Bolsa Família é, atualmente, a política Pública de proteção social mais significativa da Política de Assistência Social no Brasil, pois está combatendo a a fome, a desnutrição, trazendo mudanças positivadas nas famílias em situação de vulnerabilidade social. É uma Política Pública social que serve como uma proteção aos cidadãos, criando e aplicando planos, projetos e programas relacionados aos direitos e devres sociais, os quais atribuem a condição dos mesmos perante a sociedade. Parabéns, um belo texto perante os direitos e garantias sociais a população brasileira.
ResponderExcluirObrigado, Melissa! Abração!
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