ELEGIA À MULHER GAÚCHA
Leandro de Araújo
Com verbo nasce na tela
Por um poeta desta terra.
Sorriso largo, olhar de índia,
A mais linda joia do pago!
Com flor no cabelo e trança
E um olhar de criança
Emoldurado no quadro.
Com rimas em vez de cores,
Uma gaúcha orgulhosa
Na moldura da janela.
Um verde mate cevado,
Uma aura de paquera,
Um sorriso que é de espera
Pro seu gaúcho montado.
Uma prenda, essa gaúcha
Presa em verso e papel.
Não nasceu do ventre fértil
Mas da tinta predileta
Que compõe a sua cena
Pela rija e riste pena
Das mãos daquele poeta.
O belo traço da pena
Não traz em versos e rimas
Além daquilo que vemos
Por trás daquele sorriso.
Sequer um traço de dor.
Tudo retrata o amor
Num campo de paraíso.
Porém, fora deste retrato
Para ser prenda e gaúcha,
A História rimou sofrer.
À pena de ferro, um Monarca
Desenhou o seu destino.
Com a bênção do Divino
Desposou-a na menarca.
Noivo, o gaúcho centauro,
Só conheceu no casório.
Não escolheu por amor
Qual pintam belos poemas.
Casou por ser parideira!
Filho após filho diz o contrato
Sem cor e sem rima no próprio relato,
Apenas, no mas, povoar a fronteira.
Fronteira riscada na tela do tempo
Com tinta de guerra e sangue de estupro,
Cor escarlate escondida dos versos.
Por trás das rimas a prenda bonita
Cativa das guerras que o macho travou
Uma dúzia de filhos para ele pariu
Sem ser consultada assim assistiu
Ao novo mundo que a história pintou.
Um mundo de heróis e de suas medalhas
De estátuas de bronze e épicos versos
De generais e centauros e lanças em riste.
De poetas, poemas e suas imagens.
Fabricam poesia e criam a lenda
Do bravo gaúcho, que veio montado,
E encontrou um sorriso e o mate cevado
Da servil criatura chamada de prenda.
Prenda, imperativo do verbo prender.
Mulher e gaúcha, em amargo pretérito,
Da janela um sorriso e a flor no cabelo
Recebeu seu gaúcho naquele poema.
Menina casaram num mero contrato
Não mais que servir e povoar esta terra
Em vez de uma joia, arma de guerra,
Que as rimas escondem daquele retrato.
Leandro de Araújo
Com verbo nasce na tela
Por um poeta desta terra.
Sorriso largo, olhar de índia,
A mais linda joia do pago!
Com flor no cabelo e trança
E um olhar de criança
Emoldurado no quadro.
Com rimas em vez de cores,
Uma gaúcha orgulhosa
Na moldura da janela.
Um verde mate cevado,
Uma aura de paquera,
Um sorriso que é de espera
Pro seu gaúcho montado.
Uma prenda, essa gaúcha
Presa em verso e papel.
Não nasceu do ventre fértil
Mas da tinta predileta
Que compõe a sua cena
Pela rija e riste pena
Das mãos daquele poeta.
O belo traço da pena
Não traz em versos e rimas
Além daquilo que vemos
Por trás daquele sorriso.
Sequer um traço de dor.
Tudo retrata o amor
Num campo de paraíso.
Porém, fora deste retrato
Para ser prenda e gaúcha,
A História rimou sofrer.
À pena de ferro, um Monarca
Desenhou o seu destino.
Com a bênção do Divino
Desposou-a na menarca.
Noivo, o gaúcho centauro,
Só conheceu no casório.
Não escolheu por amor
Qual pintam belos poemas.
Casou por ser parideira!
Filho após filho diz o contrato
Sem cor e sem rima no próprio relato,
Apenas, no mas, povoar a fronteira.
Fronteira riscada na tela do tempo
Com tinta de guerra e sangue de estupro,
Cor escarlate escondida dos versos.
Por trás das rimas a prenda bonita
Cativa das guerras que o macho travou
Uma dúzia de filhos para ele pariu
Sem ser consultada assim assistiu
Ao novo mundo que a história pintou.
Um mundo de heróis e de suas medalhas
De estátuas de bronze e épicos versos
De generais e centauros e lanças em riste.
De poetas, poemas e suas imagens.
Fabricam poesia e criam a lenda
Do bravo gaúcho, que veio montado,
E encontrou um sorriso e o mate cevado
Da servil criatura chamada de prenda.
Prenda, imperativo do verbo prender.
Mulher e gaúcha, em amargo pretérito,
Da janela um sorriso e a flor no cabelo
Recebeu seu gaúcho naquele poema.
Menina casaram num mero contrato
Não mais que servir e povoar esta terra
Em vez de uma joia, arma de guerra,
Que as rimas escondem daquele retrato.
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Não apenas um poeta, mas um historiador com alma e visão da formação dos nossos pagos. Parabéns e obrigada por mais essa jóia na nossa literatura
ResponderExcluirMuito obrigado pelo carinho!!!
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