POESIA 100 - Farol


FAROL
Leandro de Araújo

Já não sei quantas foram as vezes
em que tive que disfarçar a tristeza,
pois te ver sorrindo faz parte do meu ofício.

Tua fragilidade, ora disfarçada por máscaras, eu sei,
precisa da minha pose imponente e incapaz de fraquejar.
Ergo-me como um farol em meio a trevas. Esta é minha máscara.

E eu, buscando maneiras de te ver seguindo em frente,
arrasto correntes e farpas. Correntes não minhas! Sangro...
Atento para não deixar dores visíveis a olhos ingênuos.

Tal e qual farol... Se apagar, corro o risco de te ver naufragar.
Vou incendiar meu coração, se necessário, para iluminar
teu caminho sombrio. Farei isso te desejando um bom dia!

Chorarei silêncios feitos de suspiros profundos e melancólicos.
Contudo, nas trevas também haverá orgulho.
Seguirá assim até águas mais calmas. Sozinho? Direi que sim.

Sei que vais seguir teu rumo.
Com sorte, eu mesmo vou conseguir vê-lo imponente,
talvez, então, iluminando caminhos para os que virão depois.

Quando for o teu momento de ser farol, tenta não sofrer
ao ver que aqueles que se afastarem de tua luz
já não lembrarem de quanto ela foi importante.

Sentirás, então, que teu brilho não será mais necessário
àqueles que desenvolvem sua luz própria.
Eu sei. Conosco foi bem assim. Eu lembro bem.

[suspiros profundos e melancólicos]

Talvez esteja exagerando.
Talvez minha luz nem seja tão importante.
Quiçá será chamada de luz no futuro!

Possivelmente não passe de uma vela iluminando um castelo.
Ainda assim, poderás contar com minha luz. Meu diminuto farol
estará aqui, pronto para te iluminar na escuridão.








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