OPINIÃO 127 - Sobre falar, ouvir e calar

SOBRE FALAR, OUVIR E CALAR

Leandro de Araújo

Para que serve envelhecer se não for para aprender e, supostamente, ir melhorando como ser humano? Concordam? Aham...

Estava analisando minhas postagens nas redes sociais, principalmente as mais antigas. Como eu tinha a ânsia de "opinar"! Credo! Dizer era mais importante do que ter o que dizer. Qualquer assunto que fosse, lá estava eu postando meu posicionamento, deixando claro que se houvesse lados, eu deveria estar em um deles e o mundo inteiro deveria saber disso. Era tanta superficialidade, tanto senso comum, tanta opinião que não gerava qualquer reflexão. Eu era um gato que ia mijando por onde ia passando, para marcar território, para que ficassem sabendo que "Ei! Eu estive aqui!"... 

Tenho comentado menos postagens alheias. Principalmente aquelas das quais eu discordo com veemência. Não vou convencer uma serpente a deixar de ser venenosa simplesmente porque vou sentar e explicar a ela minha posição contrária ao seu veneno e o quanto ele pode ser ruim para mim. Não sei se perdi a vontade de escrever grandes teses sobre determinados assuntos ou se simplesmente acho mais interessante olhar, balançar a cabeça e pensar um "aham!" bem musical. E depois sair de fininho. 

Achava eu que, além de trazer novas luzes a discussões acaloradas, minha opinião também servia como exercício de retórica. Só que não. Para os dois motivos. Além do fato de que muitas pessoas entram nessas discussões para apenas falar, sem o menor interesse em ouvir, minha retórica era destinada apenas a mim, mesmo que de forma subconsciente. Quantas vezes não me peguei em fóruns ou timelines conversando com uma plateia que continha apenas vários Leandros, devidamente sentadinhos em seus lugares com suas testas franzidas e fazendo cara de intelectual? Eu me aplaudia e saía da sala achando que “Nossa! Que narrativa foda!”. Acho que eu descobri a masturbação intelectual. 

Claro que gosto de opinar. Sou uma pessoa muito falante e sinto prazer nisso. Contudo, atualmente tenho optado por abrir as conversas e deixar a galera comentar na sequência, sem ficar procurando antagonismos para refutar. Confesso que me divirto muito. E aprendo também! Principalmente quando vejo algumas pessoas cometendo o mesmo erro que eu cometia, respondendo perguntas que não foram feitas e, às vezes, fazendo comentários que sequer estão alinhados com o tema. Apenas atendendo ao instinto primitivo de marcar território, como o gato que havia citado agora a pouco. 

Talvez seja reflexo da idade. Estou beirando os cinquenta anos e isso me faz repensar diariamente as prioridades. Principalmente aquilo que me faz perder tempo sem qualquer perspectiva de retorno ou de, pelo menos, um momento de felicidade que seja. Na hora de decidir entre o falar, o ouvir e o calar, tenho sentido um prazer enorme em balançar a cabeça, dar um sorrisinho de canto de boca e soltar um “aham” bem musical.






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