Então aconteceu. Para o regozijo de
muitos amigos, verdadeiros e de redes sociais, o governo federal anunciou que a
intervenção militar no Rio de Janeiro não só é necessária, como já é realidade.
A bancada da bala e seus eleitores celebram o fato de que agora, com o exército
tocando o terror na Cidade Maravilhosa, o crime e o tráfico de drogas estão com
os dias contados. Muitos esperam uma postura de guerra por parte de nossos
briosos militares para pôr fim ao desmando dos “vida loka”. Só que não, sem
“rechitégui”.
O problema da violência no Rio de
Janeiro, ou em qualquer lugar no Brasil, nunca foi uma questão militar. É
social. Mesmo que o exército de Israel entre em uma favela e mate todo mundo
que tiver qualquer relação com o crime, é só uma questão de tempo para que o
processo se reinicie e tenhamos tudo acontecendo exatamente como está hoje. Por
que isso? Simplesmente porque o governo federal não está fazendo nada para que
a principal vertente do crime no Brasil desapareça: a desigualdade social.
Sim! Sem dúvida há necessidade de
ação imediata porque a segurança pública no Rio e em outras capitais
brasileiras simplesmente não existe e o caos está instaurado. Medidas que passem
pela polícia despreparada e mal paga, por um judiciário “mãos atadas”, um
sistema carcerário insuficiente e ineficiente. Estancar uma sangria de décadas.
Mas nenhuma medida de emergência resolve o problema da criminalidade sem a
promoção de uma revolução social, com vistas à situação de miséria em que sem
encontram muitos brasileiros, ao desemprego, à falta de educação, saúde e,
principalmente, de perspectiva.
Esquece esse papo de que a esquerda
quer “passar a mão na cabeça do bandido”. A esquerda também tem filhos. Também
quer poder andar na rua em paz. Também quer criminoso na cadeia. O que muitos
de meus amigos que simpatizam ou militam pela direita não entendem é que de
nada adianta pensar que “bandido bom é bandido morto” enquanto o Estado
continuar promovendo políticas excludentes, que promovem a desigualdade social.
O que gera o crime é a falta de perspectiva, não a falta de milicos nas ruas.
No ano passado mais de cem policiais foram mortos apenas na cidade de São
Paulo. Todos estavam armados. Ou seja, bandido não tem medo de arma apontada
para sua cabeça, porque sabe que tirando a vida de crime, não sobra vida
nenhuma. Não há o que se perder e ele aprendeu a viver assim.
Hoje o país vive uma situação política atípica,
onde tudo está polarizado (menos a vontade de ver Temer fora do poder, isso é
consenso). Irracionalmente definiu-se que ser
de esquerda é querer ver bandido livre e ser de direita é querer ver bandido morto. Ambos os sentimentos são
irresponsavelmente egoístas e livres de qualquer prerrogativa social. Beleza! O
bandido está morto. E agora, o que faremos com o filho do bandido? Esperamos
ele crescer e virar bandido para matá-lo também. Pois é isto que nos espera. É
o que resta.
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