OPINIÃO 097 - Linhas

Sabes aquela pessoa que tu admiras e que na qual, em muitos momentos, te inspiraste? Em algum momento ela vai te decepcionar.

Calma, não entra em desespero ainda. Não pensa que eu estou aqui torcendo para as coisas darem errado ou para teus relacionamentos desandarem. Mas enquanto tu torces o nariz para o primeiro parágrafo deste texto, em algum lugar, uma pessoa que tu achas muito legal está concordando com ele. E isso é natural. E necessário.

Não somos lineares. Nenhum de nós é. Escrevemos nossa história através de linhas tortas. Sofremos influência do meio, ou acabamos nos tornando muitas vezes o meio que influencia o que está ao redor. Nos acostumamos a focar no aqui e agora, e isso faz com que acabemos esquecendo de quantas vezes nós mesmos mudamos nosso trajeto. Também já fomos antipáticos, estúpidos, antissociais, intolerantes.

Por mais que nos esforcemos, não conseguimos todos os dias acordar com um sorriso no rosto, sair de casa assoviando uma linda canção e desejando bom dia para todos que passam por nós. Contudo, muitas vezes recriminamos aquele colega que simplesmente entrou na nossa sala com o aspecto mais fechado que o habitual. E aí procuramos a primeira pessoa que está perto de nós para compartilhar este julgamento. “Viu como o Fulano anda azedo?”

Somos todos imperfeitos demais para esperar que os que estão próximos a nós andem em uma linha reta. Que sejam estáveis a ponto de seguir apenas as expectativas que guardamos deles. Não temos o direito de traçar uma linha diante daqueles que nos cercam e esperar que, como equilibristas, andem sobre ela graciosamente para que possamos aplaudi-los. A expressão que melhor combina com este traço é “linha imaginária”. Porque ele não passa disso: uma idealização baseada em expectativas.

Por mais reta que imaginemos uma linha, se ela não está seguindo exatamente nossa mesma direção, ela até pode cruzar por nós, mas logo vai se afastar e seguir assim, eternamente se distanciando.

É a linha torta, que eventualmente segue caminho completamente diferente do nosso, que pode se permitir cruzar com a nossa mais de uma vez. Se afasta, cruza, enrola em nossa linha, se distancia novamente. E como se permite alterar a trajetória, pode reaproximar. Quem sabe até tocar nossa linha novamente.



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