OPINIÃO 093 - A culpa que liberta


Vivemos sob o jugo da perfeição. A necessidade de sermos corretos nos é lembrada constantemente, com avisos vindos de todas as direções. Somos compelidos a acreditar que se errarmos seremos demitidos, atropelados, punidos ou diminuídos perante as demais pessoas. Errar estética, moral ou intelectualmente virou sinônimo de ser derrotado.

Como lidamos com isso? Devemos negar que erramos? Não admitir que a experimentação, aprendizado através da tentativa e erro, é uma das mais antigas ferramentas da ciência? Encontrar “culpados” para se eximir dos erros?

É fácil esquecermos de algo que conquistamos livres da dificuldade. O que realmente fica em nossa memória são os desafios que nos fizeram tentar várias vezes, tropeçar, pedir desculpa, quebrar a cara, erguer-nos novamente e seguir tentando. O erro é a chave do conhecimento, a grande oportunidade de descobrir quais os caminhos não levam ao destino. E acredite, é mais importante saber quais os caminhos não se deve seguir do que um único caminho que leve ao objetivo. Errar nos deixa menos vulneráveis, nos faz procurar outras pessoas que já tiveram sua chance, oportuniza a partilha de conhecimento, nos socializa. Não existe pessoa mais solitária do que aquela que acerta tudo logo de cara. Ou que pensa que acerta tudo.

Neste mundo que se condena tanto o erro quanto quem o comete, talvez o maior problema já nem seja o erro em si, mas responsabilizar-se por ele. Admitir publicamente a incapacidade diante de uma situação. Em tempos de disputas mortais no mercado profissional, ser identificado como quem comete um equívoco é ser ultrapassado. Aceitar perder posições em uma lista que sequer existe.

Devemos saudar o erro e todas as suas consequências. Das cicatrizes à possibilidade de refazer. É a consciência da não-perfeição que nos motiva a continuar buscando conhecimento e aprimoramento. Renascemos em cada deslize e nos tornamos mais humanos quando temos a coragem e a humildade de olhar nos olhos de alguém para pedir desculpas. Quebrar a cara pode não ser agradável, mas é, muitas vezes, uma grande escola.

Àqueles que decepcionei com algum erro cometido, minhas sinceras desculpas.





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