Vivemos
sob o jugo da perfeição. A necessidade de sermos corretos nos é lembrada
constantemente, com avisos vindos de todas as direções. Somos compelidos a
acreditar que se errarmos seremos demitidos, atropelados, punidos ou diminuídos
perante as demais pessoas. Errar estética, moral ou intelectualmente virou
sinônimo de ser derrotado.
Como
lidamos com isso? Devemos negar que erramos? Não admitir que a experimentação,
aprendizado através da tentativa e erro, é uma das mais antigas ferramentas da
ciência? Encontrar “culpados” para se eximir dos erros?
É
fácil esquecermos de algo que conquistamos livres da dificuldade. O que realmente
fica em nossa memória são os desafios que nos fizeram tentar várias vezes,
tropeçar, pedir desculpa, quebrar a cara, erguer-nos novamente e seguir tentando.
O erro é a chave do conhecimento, a grande oportunidade de descobrir quais os
caminhos não levam ao destino. E
acredite, é mais importante saber quais
os caminhos não se deve seguir do
que um único caminho que leve ao objetivo. Errar nos deixa menos
vulneráveis, nos faz procurar outras pessoas que já tiveram sua chance,
oportuniza a partilha de conhecimento, nos socializa. Não existe pessoa mais
solitária do que aquela que acerta tudo logo de cara. Ou que pensa que acerta
tudo.
Neste
mundo que se condena tanto o erro quanto quem o comete, talvez o maior problema
já nem seja o erro em si, mas responsabilizar-se por ele. Admitir publicamente
a incapacidade diante de uma situação. Em tempos de disputas mortais no mercado
profissional, ser identificado como quem comete um equívoco é ser ultrapassado.
Aceitar perder posições em uma lista que sequer existe.
Devemos
saudar o erro e todas as suas consequências. Das cicatrizes à possibilidade de
refazer. É a consciência da não-perfeição que nos motiva a continuar buscando
conhecimento e aprimoramento. Renascemos em cada deslize e nos tornamos mais
humanos quando temos a coragem e a humildade de olhar nos olhos de alguém para pedir desculpas. Quebrar a cara pode não ser agradável, mas é, muitas vezes, uma grande escola.
Àqueles
que decepcionei com algum erro cometido, minhas sinceras desculpas.
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