Quando iniciei a jornada pelas Tecnologias
Educacionais, há 19 anos, lembro que uma das expectativas que pais e educadores
mantinham era a de que em alguns anos não precisaríamos ensinar informática às
crianças e jovens, pois teriam o mundo digital inserido em suas vidas de forma
tão natural quanto assistir TV era naquele longínquo 1999. Sequer imaginávamos
o tamanho da revolução que a internet massificada traria, nem os impactos na
questão comportamental, nas comunicações e no ensino.
Há duas décadas a “internet discada”, com seu barulhinho
característico e sua lentidão, impunha limitações que tornavam quase proibitiva
uma pesquisa por mídias. Games online, download de aplicações e conteúdo em
streming nem eram objetos de interesse de jovens. O que queriam era saber “usar
o computador”. Entenda-se por explorar o sistema operacional, dominar as
ferramentas para edição de textos, apresentação e planilhas eletrônicas, enviar
um e-mail.
O tempo passou e algo surpreendentemente paradoxal aconteceu.
Os jovens da Geração Z (nascidos entre 1990 e 2010) cresceram praticamente nadando
em tecnologia, mas como receberam tudo pronto das gerações X e Y (entre 1960 e
1990), não passam de consumidores da
web. É assustador perceber que jovens de 12 a 18 anos não sabem criar uma pasta
para salvar arquivos. Formatar uma página de documento ou enviar um e-mail com
anexo também não está entre suas habilidades. Salvar um trabalho no pendrive? O
Whats não faz isso? É uma geração viciada e dependente de apps, maravilhas digitais que trazem soluções prontas para
quase tudo. Resumindo, as gerações X e Y queriam saber como fazer, enquanto a Gen
Z quer que alguém faça para ela.
Com a dissociação do ensino básico de
informática das práticas pedagógicas curriculares nas escolas, tecnologia para
o jovem virou sinônimo de smartphones, games e redes sociais. A geração que
tornou o computador um objeto doméstico, via-o como um caminho para o
conhecimento.
Quinze ou vinte anos atrás a briga nos
Laboratórios de Informática era por quem do grupo “seguraria o mouse” para
fazer a atividade. Hoje, enquanto um coitado fica quebrando a cabeça para
tentar copiar e colar alguma coisa da internet, os demais três ou quatro
colegas do time ficam com seus celulares à mão, fazendo qualquer coisa, menos
se envolver na atividade. Afinal de contas, como dizem, “esta não é minha parte”.
Há algo de saudosista em lembrar que as
crianças nos Anos Iniciais, em 1999, tinham noções de lógica e programação nos
primórdios da Informática Educativa. Contudo, percebendo as dificuldades que os
jovens têm quando chegam à graduação simplesmente para “usar o computador”, temos
a perfeita noção de que erramos em alguma coisa no caminho.
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ResponderExcluirOi, Nilda! Muito obrigado pela visita!!! Volte sempre! Abração!
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