OPINIÃO 091 - Experientes e velhos

No Movimento Tradicionalista Gaúcho existem pessoas experientes e pessoas velhas.

As pessoas experientes enxergam que suas instituições são constituídas pelos seres humanos que seus galpões abrigam. As pessoas velhas acreditam que a entidade é o galpão, que quem estiver dentro dele é passageiro.

Os experientes entendem que os jovens são o futuro da entidade, que a contemporaneidade de suas atitudes não é uma ameaça à tradição, pois estes mesmos jovens escolheram estar ali, mesmo tendo um universo de opções que os deixariam livres para ser o que quisessem. Os velhos não. Eles querem dizer aos jovens o que devem ser, ouvir e vestir, deixam claro que as músicas que ouvem e as coisas que dizem não são "compatíveis" com a tradição.

O experiente diz ao jovem que a tradição pode somar, contribuir com sua formação como ser humano. O velho diz ao jovem que ele tem que optar em ser o que é ou um "tradicionalista de verdade".

A experiência ensina que devemos abraçar a todos, para que aqueles que se encontrarem permaneçam. Na lógica do velho temos que eliminar aqueles que não se enquadram logo no começo, para que não contaminem os demais.

O experiente quer aprender com o novo. E aprende! O velho acha que está aqui para ensinar. E tenta empurrar o que acha certo goela abaixo, como se fosse o capataz da verdade.

O experiente ama seus jovens. O velho quer ser temido por eles.

Alguns tradicionalistas experientes são jovens, não importando a idade que tem. Enquanto isso, alguns com vinte e poucos anos já são velhos.

O experiente é reconhecido como amigo. O velho quer ser chamado de patrão.

Os experientes deixarão um legado. Os velhos, no máximo, uma foto em um quadro na parede do CTG.





Estas reflexões pessoais são fruto da observação, depois de 35 anos envolvidos com tradicionalismo gaúcho. Declamador, blogueiro, instrutor de grupos de danças e, hoje, oficineiro de interpretação no Projeto Aquecimento Cênico. São 35 anos convivendo, compartilhando e aprendendo. De orelhano à membro de patronagem. De crítico às inovações a alguém que hoje tenta entendê-las e aprender com elas. Este sou eu, alguém que ama a cultura gaúcha e acredita que apenas através do jovem tradicionalista, de sua força e de tudo que tem a ensinar, podemos extrair o que há de melhor na tradição, perpetuando o que é bom e lembrando, como aprendizado, daquilo que não podemos repetir jamais.
Leandro de Araújo





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Nas fotos, Érico Araújo.





Comentários

  1. Graças a Deus o Tiara conta com uma PATROA muito "experiente" e nada tem de "velha".

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    1. Que maravilha! O Tiara é uma entidade muito especial! Abração!

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