OPINIÃO 074 - Entre sentir e fazer

Não há lógica em SENTIR. Claro que estou falando do “sentir emocional”. Qualquer pessoa que sofre por amor, se tivesse a mínima chance, optaria por não sofrer mais. Não existem fórmulas matemáticas que determinam o sentimento. Amor, ódio, saudade, desejo... são manifestações irracionais, não dependem de “querer sentir”. Muito diferente de qualquer outra sensação física, não se pode evitar o SENTIR com um gesto, como cobrir-se quando sente frio ou comer quando se sente fome. Não podemos escolher que a partir de hoje não vamos mais sentir saudade, ou ciúme, ou ódio. Não se deixa de amar alguém simplesmente porque esse amor não é correspondido, ou nos faz mal. 
Difícil mesmo e entender o SENTIR do outro, porque nos acostumamos a avaliar as coisas do ponto de vista maniqueísta e simplório do certo e errado. É errado sentir isto, o certo seria sentir aquilo. Mas, e se deixássemos de ser egoístas e começássemos a entender que é possível haver o meu certo e o teu certo? Sendo assim, não há certo... nem errado. Sentir não é definível por MIM, nem por NÓS. Talvez, por TODOS... e todos é gente demais para se definir com conceitos.

Traçamos nossa trajetória em busca de alguém que nos complete, que preencha as lacunas (não só as sexuais), que seja a outra metade. E nos surpreendemos assustadoramente quando percebemos que este alguém SENTE diferente de nós. Esquecemos, neste momento, que para que haja o encaixe, as peças tem que ser distintas. A diferença é fundamental para que possamos nos completar. Nos tornamos seres humanos melhores quando aprendemos com o novo, sem julgá-lo, tirando dele justamente estes elementos que faltavam para nos sentir completos, para fechar as lacunas. Se não fosse assim, se as metades fossem exatamente iguais, não haveria necessidade alguma de juntá-las, e estaríamos muito bem sozinhos com nossas carências. O que também não é errado, se nos sentirmos felizes sozinhos. Aí então a velha máxima que diz que cada escolha implica em uma renúncia, começa a fazer sentido, não? Neste momento aprendemos a diferença fundamental entre SENTIR e FAZER.

O FAZER é lógico. Fazemos as coisas tendo a razão como referência. Mesmo quando não temos razão. Escolhemos nossas ações baseadas naquilo que acreditamos nos fazer bem. Podemos errar, acertar ou até mesmo ferir pessoas que nos amam profundamente. Mas escolhemos e assumimos a responsabilidade sobre as consequências quando decidimos fazer.

Diferente de SENTIR, o FAZER pode ser coletivo. Se muitas pessoas estão na chuva, elas podem comumente decidir se abrigar, e todas deixam de se molhar - chame de senso comum, se quiser. O sentimento não funciona assim. SENTIR é pessoal demais. Milhares podem conhecer uma pessoa, mas pode acontecer que apenas uma vá amá-la verdadeiramente. Mesmo que não queira amá-la. Se pudesse escolher, amar não seria SENTIR, seria FAZER.

SENTIR e FAZER são coisas completamente diferentes. Contudo, nos tornamos pessoas melhores quando aprendemos realmente o que fazer com o que sentimos. Abrir mão do coletivo e confortável “senso comum” buscando entender o SENTIR de quem está ao nosso lado pode ser doloroso, porque dor é SENTIR. Mas buscar entender é FAZER. Então escolhemos a dor para entender o SENTIR da outra metade. Este é o momento em que SENTIR e FAZER mais se aproximam... e o mais perto que podemos chegar de sermos completos.

Um maravilhoso final de ano para todos que SENTEM E FAZEM.

Leandro.


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