OPINIÃO 047 - SPAM NÃO PODE, LIXO PODE


Acho louvável qualquer medida voltada à diminuição da proliferação de SPAMS. Para quem não sabe, SPAM é o nome dado a qualquer anúncio recebido por e-mail, sem ser solicitado de alguma forma pela pessoa que recebe.

Lembro que até pouco tempo esse recurso era muito comum. Os anúncios iam de drogas para emagrecer a Viagra. Na década de 1990, quando as pessoas ainda estavam aprendendo a navegar pelo mundo da internet, o SPAM foi um dos maiores vilões da falta de etiqueta digital.

Na primeira década “pós ano 2000”, os servidores de e-mail começaram a oferecer serviços gratuitos de anti-SPAM. Quem tinha conta no Yahoo, Gmail, Hotmail e afins começava a ter, automaticamente, os anúncios desviados para pastas de lixo eletrônico. Isto fez diminuir sensivelmente este tipo de ferramenta. Hoje, praticamente todos os serviços de correio eletrônico possuem meios de bloquear ou desviar os anúncios indesejados. Os próprios navegadores (Internet Explorer, Mozila Firefox ou Google Chrome) já aprenderam a se defender.

Mas em pleno século XXI, era da comunicação digital, num período histórico onde nunca se discutiu tanto o futuro do planeta e a sustentabilidade, um outro tipo de SPAM corre o mundo livremente, sem que ninguém faça qualquer tipo de questionamento. Não se trata de nenhum e-mail oferecendo dinheiro para trabalhar em casa, “aumentador de pênis” ou correntes religiosas. O tipo de SPAM ao que me refiro não existe no mundo digital e, fatalmente, atinge a todos nós. Ele causa mais mal que os e-mails falsos, vírus ou cavalos-de-tróia, porque não está nem aí para computadores, smartphones ou tablets. Estou falando dos folders de papel.

Toda a semana cada um dos supermercados da cidade deixam pelo menos uma publicação de preços e produtos em minha caixa de correio ou preso no portão da minha casa. Nunca me solicitaram ou questionaram se havia interesse nesse tipo de divulgação. Às vezes são colocados lá na calada da noite, ou então durante a manhã, muito cedo. Se contabilizar duas publicações deixadas em minha casa por semana (é mais do que isso), são anualmente mais de cem jornais com propaganda não solicitada. Calculem a quantidade disto em todas as residências que recebem!

São toneladas de lixo comercial distribuídos livremente, sem qualquer controle. A gigantesca maioria vai direto ao lixo, sem sequer que seja lido. Muito papel vai parar na rua. Como é um material totalmente impresso e carregado de produtos químicos, é quase impossível reciclar.

Gostaria muito de entender porque é proibido enviarem anúncios para minha conta de e-mail, mas o mesmo peso e a mesma medida não são usados para regular a distribuição de material não solicitado nas nossas casas. Os únicos problemas do SPAM digital é que enche nossas caixas de correio. A publicidade impressa não solicitada suja a cidade, gera lixo não reciclável, utiliza produtos químicos para sua fabricação, combustível fóssil para ser transportado... e por aí vai.

E nesse momento vocês devem estar se perguntando: O que pode ser feito? Eu já decidi tomar uma atitude. Estou enviando a proposta de regulamentação à vereadora em que votei no último pleito municipal. Como este é o papel dela, e é para ações como esta que ela me representa, vou fazer meu papel de cidadão.

As propostas que estarão nas mãos da vereadora Bia Lopes, da minha cidade de Esteio, na próxima semana:

- Proibir a distribuição livre de publicidade impressa não solicitada.

- Os estabelecimentos comerciais deverão fazer um cadastro dos clientes que gostariam de receber suas publicações, que deverão ser enviadas apenas a estes.

- Distribuição de material publicitário impresso nas ruas, apenas em mãos, para pessoas que quiserem recebê-los.

- Disponibilização de material publicitário impresso em locais dentro dos estabelecimentos comerciais, para que as pessoas, quando assim quiserem, possam levá-los.

- Utilização de, pelo menos, 10% do espaço impresso para orientações relativas ao correto descarte deste material.

Esta é a maneira que encontrei para tentar diminuir esta quantidade absurda de lixo que é distribuído sem controle nas ruas da minha cidade.

Para concluir, quero deixar duas únicas perguntas:

1.    Tu ainda lembras em quem votaste para vereador nas últimas eleições municipais?


2.    Quantas vezes tu já procuraste um vereador para propor alguma melhoria para tua cidade ou para questioná-lo a respeito do trabalho que vem fazendo?

 
        Ficar reclamando da classe política é fácil, difícil é lembrar que somos responsáveis por colocá-los no poder.






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Comentários

  1. Como vai vivente e amigo? Muito interessante tua iniciativa. Sugiro, ainda, que incluas na petição junto à vereadora a ideia de sanção frente a eventual descumprimento da regra. Espero que tua indignação encontre eco no Legislativo municipal e que fermente a participação de muitos outros "Leandros". Abração. Gilvan.

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