OPINIÃO 010 - Desaprendemos a protestar?

Curiosa a forma com que a TV nos mostra algumas coisas que acontecem no Brasil. Quando os telejornais e programas humorísticos cobrem as caminhadas pró-maconha, por exemplo, apresentam estes momentos como "engraçadinhos". As pessoas (incluindo muitos artistas e formadores de opinião) são livres pensadores, manifestando seu direito à liberdade de expressão. 
Quando a TV nos mostra qualquer protesto contra impostos, corrupção ou baixos salários, apresenta os manifestantes como baderneiros, desordeiros ou até mesmo terroristas. 

Assim fica fácil manipular o povo, através de um adestramento diário em frente a TV.

Se as pessoas lessem mais e assistissem menos TV, tenho certeza que nossa passividade diante dos desmandos econômicos e políticos não seria a maior característica político-social dos brasileiros.

A proposta de entretenimento e informação da televisão acabou se transformando em uma sucessão de verdades absolutas. Se o Jornal Nacional mostra, então é porque é uma verdade cabal. Nosso senso crítico acaba se resumindo no comentário sobre o próximo capítulo da novela, qual personagem deve ficar com qual, ou então em como os programas de auditório de sábado e domingos são bons, porque dão casas e carros para pessoas que "precisam". Nos apaixonamos pelo romance entre os Big Brothers, torcemos enlouquecidamente por um participante de reality show, como se isso fosse resultar em qualquer benefício ou mudança em nossa vida. 

O que precisamos na verdade é de uma educação que nos capacite a raciocinar criticamente, que forneça condições de discernimento e não simplesmente de assimilação e senso comum. De que adianta reclamarmos para o visinho que a gasolina está cara, se o que nos interessa mesmo é o final que o vilão da novela terá?

Protestar no Brasil virou sinônimo de fazer graça ou terrorismo. Apenas isso.

Leia mais. Assista menos TV.

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