OPINIÃO 137 - A lógica da justiça golpista

A LÓGICA DA JUSTIÇA GOLPISTA

Leandro de Araújo

 

A lógica da justiça golpista é curiosa.

Não se faz justiça de acordo com o que a lei diz, mas de acordo com o alinhamento ideológico de quem faz o julgamento. Partindo deste ponto de vista, pode-se concluir que o veredito é mais importante que a regra na qual deveria ser baseado. Afinal, neste lugar não há bom ou mal juiz: há apenas o juiz sendo justo quando condena ou absolve de acordo com os princípios de quem, de fora do processo, já havia feito sua escolha antes mesmo do julgamento.

O método, neste caso, não tem relação com a coerência ou mesmo com consequências, quiçá com a lei, mas com o desejo de estar certo. E nesta barca, embarcam todos os ingênuos que encontram em gurus ou especialistas derrotados, pseudoargumentos para justificar a injustiça que deveria ter sido feita em nome de se estar certo. Enquanto o lobo golpista, esperto, agita os cordeiros com retóricas do tipo “Só seria certo se fosse do meu jeito!”, o rebanho assente com a cabeça sem a necessidade óbvia de se usar o que está dentro dela. E assim aqueles que se dizem injustiçados pela falta de um amparo (mesmo que ilegal) vão arrebanhando seguidores e repetidores de sua verbi torta. Para estas pessoas, que abriram mão de ter que pensar ou analisar friamente o que está posto em sua frente, sobra o conforto da carícia das mãos lavadas daqueles que dizem abertamente que a culpa não foi deles, mas de quem não fez do jeito que eles queriam.

E assim a lógica da justiça golpista segue ganhando força de capital político. O argumento de que “se não fizerem do meu jeito, vou espalhar que foi roubado” não é apenas uma chantagem abjeta, mas uma forma de justificar o injustificável. Ou, no caso do vocabulário ungido dos santos e da sanha golpista, de tentar tornar justo aquilo que não é.






........................................................
APOIO: 

Me segue no Instagram: @leandrodearaujopoesia e @aquecimentocenico

Visita o Blog Uma Outra Cor e minha galeria no Flickr!

Adquira o livro aqui


Comentários