A LÓGICA DA
JUSTIÇA GOLPISTA
Leandro de
Araújo
A lógica da
justiça golpista é curiosa.
Não se faz
justiça de acordo com o que a lei diz, mas de acordo com o alinhamento
ideológico de quem faz o julgamento. Partindo deste ponto de vista, pode-se
concluir que o veredito é mais importante que a regra na qual deveria ser
baseado. Afinal, neste lugar não há bom ou mal juiz: há apenas o juiz sendo
justo quando condena ou absolve de acordo com os princípios de quem, de fora do
processo, já havia feito sua escolha antes mesmo do julgamento.
O método, neste
caso, não tem relação com a coerência ou mesmo com consequências, quiçá com a
lei, mas com o desejo de estar certo. E nesta barca, embarcam todos os ingênuos
que encontram em gurus ou especialistas derrotados, pseudoargumentos para
justificar a injustiça que deveria ter sido feita em nome de se estar certo.
Enquanto o lobo golpista, esperto, agita os cordeiros com retóricas do tipo “Só
seria certo se fosse do meu jeito!”, o rebanho assente com a cabeça sem a
necessidade óbvia de se usar o que está dentro dela. E assim aqueles que se
dizem injustiçados pela falta de um amparo (mesmo que ilegal) vão arrebanhando
seguidores e repetidores de sua verbi torta. Para estas pessoas, que abriram
mão de ter que pensar ou analisar friamente o que está posto em sua frente,
sobra o conforto da carícia das mãos lavadas daqueles que dizem abertamente que
a culpa não foi deles, mas de quem não fez do jeito que eles queriam.
E assim a
lógica da justiça golpista segue ganhando força de capital político. O
argumento de que “se não fizerem do meu jeito, vou espalhar que foi roubado”
não é apenas uma chantagem abjeta, mas uma forma de justificar o injustificável.
Ou, no caso do vocabulário ungido dos santos e da sanha golpista, de tentar
tornar justo aquilo que não é.




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