POESIA 096 - Carta ao leitor

CARTA AO LEITOR
Leandro de Araújo


Àquele que me lê
me desnudo.

Dispo-me dos pudores
dos olhares críticos.
E da censura.
E da hipocrisia.
E do desdém
dos falsos
amigos.

Ao leitor!
A quem busco guarida,
olhos, ouvidos e um ombro.
Quiçá, uma bebida quente,
um colo e um cafuné.
E um silêncio compreensivo.

A ti, leitor,
anônimo e solidário,
entrego minhas dores e mágoas
para encontrar um perdão.
A remissão da culpa
de quem me há feito sofrer.
Ou da minha própria culpa.

Vou saudar a ti, leitor,
que vai esquecer da carta
minutos depois de ler.
Pois não se guarda a dor alheia
senão para tirar vantagem dela.
E como há os que guardam dores!
Que tiram vantagem!
Há os censores.
Há os hipócritas.
Há falsos amigos.

Àquele que me lê
me desnudo.
Dispo-me das roupas surradas

Que vesti para parecer
quem não sou.
Tiro os sapatos,
as meias,
os curativos.

Dispo-me
nesta carta ao leitor
que assino com honestidade
e lágrimas.






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