POESIA 084 - Marrom

MARROM
Leandro de Araújo

“Papai,
A escola está marrom...”


Assombrado rostinho da menina
Mãozinhas espalmadas nas faces
Negros olhos curiosos
Arregalados
Espantados

A água da enchente
Roubou para si
As cores
O brilho
Até os sorrisos!
Da escola,
Dos olhos da menina...

No centro do pátio
Onde havia colorido
Verde e vivo gramado
Verdeja tristonha
Uma figueira.
Solitária cor!
Solitária?

“Vai ter cor de novo, papai?”

Sob a sombra
Da velha figueira
No monocromático lodo
Uma pequena flor amarela
Espia a menina que passa

“Vai sim, filha.
Vai sim...”




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