No dia 3 de maio deste ano este blog estará completando dez anos. Mesmo com alguns hiatos, são dez anos publicando na internet conteúdo em forma de opinião, poesia e contos.
São dez anos onde, muitas vezes, abri mão da companhia da minha família por sentir uma necessidade urgente em falar, traduzir em palavras escritas os sentimentos, angústias, dores e carinhos que vivem em mim.
Durante estes dez anos já elogiaram, desdenharam e questionaram meus textos. Me perguntaram porque eu publicava e se eu ganhava alguma coisa (dinheiro) com eles. Para muitos, oferecer um pouco de si apenas pelo prazer de dar algo às outras pessoas, mesmo que em forma de conteúdo para internet, é difícil de entender. Mas eu insisti. Porque mesmo não recebendo nada em troca, senão o carinhoso retorno de muitos leitores, nunca deixei de sentir que se trata de um trabalho. Um trabalho que amo fazer!
Algumas publicações quase não foram acessadas, enquanto outras tiveram a, para mim assombrosa, soma de mais de três mil leitores. O que acho maravilhoso, porque para aquele que escreve não há sensação melhor do que a de ser lido. Então, mesmo os textos que pouquíssimos acessaram e leram, me deixam muito feliz, porque sei que em algum momento, mesmo que ínfimo ou efêmero, as coisas em que acredito fizeram parte do dia de alguém, gerando uma reflexão, colocando um sorriso no rosto, ocupando um espaço de tempo, memória e sentimento.
Durante os últimos dez anos tenho me desnudado aqui. Deixando mensagens que falam de coisas boas, mas também textos que refletem minhas indignações, como o racismo, o machismo e a homofobia. Não é um canal de passatempo. Muito menos um hobby. É a minha voz gravada de forma permanente e acessível a qualquer um que queira ouvi-la. Tenho consciência que poderei, no futuro, ser cobrado, julgado ou criticado pelas coisas que deixo no Blá!, mas é o meu legado. Não vou me furtar de acreditar nele, em sua potência como possibilidade de expressão de quem eu sou.
Este ano concluo minha graduação em Letras. Aprender sobre a língua tem me feito, evidentemente, um escritor melhor. Melhor no sentido de refletir mais sobre o que posso escrever, sobre a Língua que acolhe meu texto e sobre a linguagem com a qual pretendo chegar aos corações daqueles que procuram na minha escrita uma forma de se encontrar. E isso me faz querer escrever mais.
Então, finalizo esta reflexão de hoje agradecendo a todos aqueles que procuraram no blog Blá! (que já se chamou Blog do Leandro Araújo) um recanto, ou um lugar para fugir. Ou quem sabe um lugar para se encontrar? Nos apoiaremos um no outro, pois continuo acreditando que o texto transforma, ao mesmo tempo que o leitor transforma o texto.
Muito obrigado!
Leandro de Araújo
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