Li hoje a tarde matérias na internet sobre uma polêmica criada em cima de um trabalho do intérprete de música nativista gaúcha Joca Martins. Para quem não sabe, o causo ocorreu porque o Coordenador da 18ª Região Tradicionalista, senhor Rui Francisco Ferreira Rodrigues, considerou a música "Eu Sou Bagual" ofensiva por utilizar a palavra "bagual" que, segundo ele, seria um termo pejorativo e depreciativo. "O que seria um bagual? Um sujeito grosso, ignorante!" - disse Rui.
Independente do que o Coordenador da 18ª Região Tradicionalista, representante do Movimento Tradicionalista Gaúcho, acha ou deixa de achar, e respeitando seu direito de opinar e se expressar, admira muito um senhor
que é natural da fronteira classificar a palavra "bagual" como pejorativa.
Bagual
se refere ao cavalo que ainda está em processo de doma. Que não é mais
xucro, mas que ainda não está pronto para a montaria, também se refere ao cavalo que ainda não recebeu o freio pela primeira vez. Até pouco tempo via as pessoas na grande Porto Alegre erroneamente se
referirem ao bagual como o cavalo não castrado, que na fronteira chama de
cuiudo ou inteiro.
O que entendi na metáfora do poeta quando diz que o
gaúcho é bagual, é que se trata de um ser bruto quando precisa ser, mas um
cavalheiro quando necessário. Essa foi a leitura que fiz...
Contudo, a língua evolui. Talvez o Coordenador devesse rever algumas expressões do nosso vocabulário regional. Hoje em dia se usa com muita naturalidade a expressão "gaudério" ao se referir a qualquer coisa ligada à nossa cultura. Esta palavra surgiu na verdade para classificar um vagabundo, andarilho sem rumo certo, sem moradia fixa. "Andar gauderiando por aí." Farroupilha foi outra palavra que nasceu como um deboche e acabou virando identidade daqueles que lutaram contra o império durante a Guerra dos Farrapos. A própria palavra GAÚCHO, que hoje nos enche de orgulho, nasceu como um termo depreciativo.
Não
sou um grande fã da música feita pelo Joca, nem da sua forma de cantar. Nada pessoal, apenas gosto
da música gaúcha mais tranquila, como a do Jairo Lambari Fernandes. Mas estou vendo
nesta crítica do coordenador da região uma necessidade imensa de chamar a
atenção para si.
Torço, então, para que o tiro saia pela culatra, e que esta papagaiada sirva para divulgar mais ainda nossa música regional.
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Concordo com teu comentário. Mesmo fora do tradicionalismo temos termos que surgiram de palavras pejorativas. Cuidado que o teu "abraço cinchado" pode ser também pejorativo,hehe.
ResponderExcluirTem cada "bocaberta" nesse MTG e na coordenação dessas regiões que não me espanta mais nada.
ResponderExcluirMas Leandro, eu posso ser bagual tenho até Carteirinha de Gaúcho??? Abraço Caco!
ResponderExcluirÓtimo comentário, como sempre...
ResponderExcluirA música, particularmente falando, não é muito boa não, mas o que mais me assusta é a quantidade de ignorantes que compoem as cordenaçoes das RTs e do proprio MTG.
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