O
Facebook já não é mais um fenômeno. Já passou desta fase. A poderosa rede
social do Zuckerberg é tão parte de nossas vidas quanto escovar os dentes,
comer ou assistir a novela das nove. Com a diferença que se pode fazer qualquer
uma destas coisas enquanto navega por entre os perfis ou descreve o que está
fazendo e compartilha com o mundo.
Lembro
quando o telefone ficou barato. O pessoal com menos de trinta anos não sabe,
mas ter um telefone fixo em casa já chegou a custar quase o preço de um carro
popular. Da mesma maneira que o boom do Facebook, a popularização do telefone
trouxe alguns inconvenientes lá no início, como o excesso de trotes, por
exemplo. Sim, temos a capacidade de transformar boas ideias em problemas
quando estamos inspirados. Com o Face não é diferente.
Considero
o Facebook uma maravilhosa ferramenta de comunicação. Tanto pessoal como para
utilização comercial ou técnica. É possível trocar uma ideia com um amigo que
mora longe (ou muito perto!) com a mesma eficiência que se vende um produto, se
divulga uma ideologia ou então se presta suporte a um cliente. Um mecanismo
que se faz ainda mais abrangente por um detalhe simples: é de graça. Contudo,
há sempre um ônus. Neste caso, o fato de não implicar em custo promove a subutilização.
Longe de mim acreditar que há necessidade
de se cobrar o Facebook, ou então de “selecionar” os usuários.
Esta não é a questão. O problema reside em características culturais do usuário
brasileiro, que movido por ingenuidade ou desconhecimento, promove a
irresponsabilidade de poucos malandros.
Quem
nunca compartilhou uma foto de criança doente por acreditar que ao fazer isto
está ajudando a “comprar” sua cura? E esta pilantragem já rolava através de
e-mail há dez anos! Mesmo sabendo que jamais alguém vai receber um centavo com compartilhamentos, o golpe continua bem vivo porque "não custa nada compartilhar".
Outra
picaretagem muito comum é explorar a fé dos usuários. Então temos uma foto de
Jesus Cristo (ou de qualquer outra santidade) com os dizeres “Se você o aceita,
compartilhe, senão, apenas olhe.” Isto é praticamente uma extorsão! Dia destes li
uma postagem semelhante onde havia a imagem de Cristo ao lado da imagem de um
capeta. Embaixo estava um “Se ama Cristo, compartilhe. Se ama o demônio, apenas
olhe.” É assustador! No medo se constrói uma situação onde as pessoas
compartilham fotos como se pudesse acontecer algo terrível, caso não o fizessem.
No
entanto, nenhuma destas opções de “compartilhamento compulsório” se compara em
imprudência às delações distribuídas livremente pela web. Alguém já se
perguntou se aquela fotografia, seguida de um texto que revela o quanto a
pessoa retratada é má, realmente é verdade? Ou então se aquela denúncia, muito
bem redigida, realmente é verídica e do autor que aparece em seu título?
Normalmente as pessoas não se preocupam com isto, apenas compartilham em suas
páginas, dando sequência a uma corrente de proporções imensuráveis.
Esta
semana um telejornal noticiou o caso de um jovem que amargou por muito tempo
centenas de ameaças de morte e linchamento após uma ex-namorada ter sofrido um
atentado à bomba, promovido por outro homem, com o qual não tinha qualquer
relação. As ameaças surgiram após o jovem ter uma foto sua, seguida de um texto
acusatório, publicada no Facebook. Algo como “Este monstro jogou uma bomba no
carro de sua ex.” Claro que as fotos da vítima estavam ali, para acirrar ainda
mais o ódio dos internautas desinformados.
É claro
que o maior barato do Facebook, e de qualquer outra rede social, é esta
propriedade de permitir que expressemos nossas opiniões, desejos ou frustrações
de maneira livre, sem controle de conteúdo. Não há necessidade de postarmos textos
ou imagens que gerem reflexão ou que possam trazer qualquer benefício a quem
quer que seja. No entanto, a responsabilidade se faz necessária, da mesma forma
que seria cobrada se estivéssemos contando uma simples piada. É bom termos a consciência
de que ao compartilharmos uma informação inverídica, estamos sendo cúmplices,
mesmo que não sejamos os autores. Inclusive com penas previstas em lei.
A
sugestão é sempre se autoquestionar. “Eu
realmente concordo com o que estou compartilhando, ou só o estou fazendo porque
quero agradar alguém que postou? Existe alguma fonte que prove a efetividade
disto que quero compartilhar, ou apenas o texto do Facebook?” Se fizermos
isto, estaremos assegurando não só uma vida mais longa ao nosso querido Face,
como estaremos garantido que haja uma diminuição cada vez maior de conteúdos
que possam trazer algum tipo de prejuízo a alguém, inclusive a nós mesmos.
Muito bom, como sempre...parabéns.
ResponderExcluirValeu, brother! Abraço grande!
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