Que a internet é terra fértil para todo tipo de golpe, isto já é sabido por todos. De lojas falsas vendendo produtos que não existem à disseminação de softwares maliciosos, como vírus e cavalos-de-Tróia, tudo parece conspirar para que abandonemos a poderosa ferramenta de comunicação global. Com a prática até aprendemos a fugir de alguns perigos. Contudo, os mais jovens que herdarão e dominarão o conhecimento tecnológico e saberão discernir com muito mais propriedade o que é arriscado ou não na web.
Novas fraudes vão se sucedendo. Assim que os usuários da grande rede aprendem a se proteger de determinado golpe, logo este é substituído por um novo, mais eficiente e inovador. Criatividade é o que não falta para quem quer se aproveitar da ingenuidade ou desconhecimento dos internautas desavisados. No entanto, apesar das tecnologias malignas avançarem, uma falcatrua digital persiste em se repetir da mesma maneira que surgiu há mais de dez anos. Isso porque os internautas brasileiros, apesar de estarem menos ingênuos ou desinformados, continuam mantendo, em sua maioria, características muito próprias: a bondade e a espiritualidade.
As mensagens que exploram nosso bom coração são compostas de quatro partes distintas:
- Primeiramente relatam a história triste de uma pessoa doente, normalmente criança condenada à morte caso determinada ação não seja tomada emergencialmente. Geralmente exibem uma foto desta criança em estado de extrema fragilidade, com sinais visíveis de seu revés de saúde.
- A segunda parte da mensagem apresenta a possibilidade de cura através de um procedimento ou tratamento caro que deverá ser realizado em um lugar distante. Sensibiliza o leitor através de informações relativas às condições socioeconômicas da família do doente, cuja renda tornaria impossível salvá-lo.
- Na terceira parte do e-mail vem a solução mágica: uma empresa de grande porte do mundo da tecnologia (Microsoft, Aol, Uol, Apple, Ibm, etc.) promete doar o dinheiro necessário para custear todo tratamento e viagem, mediante o simples reenvio da mensagem. Algo como “Cada vez que esta mensagem foi reenviada, a família do doente receberá R$0,47”. Aí está o segredo do golpe. O objetivo é coletar o maior número de e-mails válidos possível, para posteriormente enviar anúncios, vírus, cavalos-de-Tróia, capturar informações pessoais, dados bancários ou de cartões de crédito. O doente, se é que existe, jamais receberá um único centavo.
- O último trecho serve para incitar as pessoas, aproveitando sua bondade; “Não vamos deixar esta criança morrer, vamos repassar para o maior número de contatos possível, podemos salvá-la, etc., etc., etc.”...
Acreditem: NENHUMA EMPRESA DO MUNDO ENVIA QUALQUER QUANTIA EM DINHEIRO OU QUALQUER TIPO DE AJUDA SIMPLESMENTE POR REPASSARMOS E-MAILS. Isto não existe, além de ser tecnicamente inviável. Seria muito mais fácil (e barato) para qualquer uma destas gigantes da tecnologia simplesmente enviar a grana.
A outra forma de exploração através do e-mail é relacionada à espiritualidade dos brasileiros. Correntes religiosas ou supersticiosas garantem sucesso no trabalho, no amor ou até mesmo dinheiro caso as pessoas reenviem mensagens dentro de um prazo definido. Outros ainda mais audaciosos prometem verdadeiras desgraças na vida de quem não repassar uma mensagem para um número determinado de contatos em um tempo estipulado. O objetivo é o mesmo do caso anterior: coletar e-mails válidos para enviar pragas ou cometer crimes digitais.
Acreditem: NINGUÉM VAI SOFRER QUALQUER TIPO DE MALEFÍCIO PORQUE DEIXOU DE REPASSAR AQUELA CORRENTE, MUITO ANTES PELO CONTRÁRIO! Existem formas diferentes de se ganhar dinheiro honestamente, mas nenhuma delas envolve envio de mensagens, seja de que tipo for.
O fato de repassar e-mails de fonte não garantida pode render, na verdade, grandes dores de cabeça. É graças a estas táticas ilegais de captação que recebemos diariamente em nossas caixas de entrada dezenas de anúncios de produtos ou sites dos quais não temos qualquer interesse. Esta também é uma das maneiras mais eficientes de obter milhares de e-mails válidos para poder enviar vírus ou outros softwares maliciosos que capturam informações pessoais, haja vista que todos os e-mails que circulam através do repasse de mensagens estão ativos e são usados frequentemente.
A orientação é simples: não repassar qualquer mensagem que trate de algo que tu não tenhas conhecimento pessoal da veracidade. Os textos são montados justamente para parecer que o emissor está pessoalmente envolvido com o problema, mas na verdade não está. Se tu queres ajudar alguém que está doente, visite um hospital, informe-se em organizações que prestam ajuda humanitária, DOE SANGUE. Mas não repasse e-mails.
A internet é uma ferramenta poderosa de comunicação, o fato de ser abrangente demais e não possuir um controle centralizado dos conteúdos e ações faz com que nós sejamos responsáveis por tudo aquilo que ela tem de bom e de ruim. Então, sejamos mais responsáveis no que diz respeito ao conteúdo que circula na grande rede.
Gostou? Quer saber mais sobre isto ou outros assuntos relacionados? Leve a palestra “DESAFIOS DIGITAIS: SEGURANÇA E RESPONSABILIDADE” para sua empresa ou escola (alunos, professores e pais). Saiba como pelo e-mail leandro@aquecimentocenico.com.br ou Twitter @Twitter do Leandro Araújo
Comentários
Postar um comentário