DOR
Leandro de Araújo
I
Ela não chega avisando
Pois não quer anunciação
Procura espaços vazios
Na alma e no coração
Se instala como quem chega
Procurando algum carinho
Qual câncer gruda na carne
No pesar faz o seu ninho
Ela ali fica gritando
Um som ensurdecedor
Das forças se alimentando
Do sangue sente o sabor
Aos poucos vão esgotando
O sorriso, a vida, o amor
II
Cresce de dentro pra fora
Como notícia ruim
Uma bola na garganta
Torpor que não chega ao fim
Seca a boca, trava os dentes
Substitui as palavras
Um frio na ponta dos dedos
Na mente ideias macabras
Fechando todas as portas
Que levam pra claridade
Nos olhos imagens tortas
No peito, sem piedade,
Escreve com letras mortas
Sonetos de crueldade
III
A boca não quer gritar
Nem sei se querem ouvir
Das dores de todo mundo
Todo mundo quer fugir
Então me entrego pra ela
Pois resistir faz sofrer
Ela me acolhe em seus dentes
Sorrindo sem me morder
Aos poucos aperta forte
Vai mostrando seu poder
Se cada dor abre um corte
Faz a vontade escorrer
Olho nos olhos da morte
Para parar de doer
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