OPINIÃO 090 - Quando a tolerância fraqueja

Sempre disse, e sempre vou repetir, que a TOLERÂNCIA é a palavra mais bonita da Língua Portuguesa. Mas o atual contexto político e social do Brasil, juro, está me fazendo compreender de uma forma cada vez mais estreita a relevância desta palavra. 

Quando as pessoas celebram a morte de alguém, porque estava em uma posição política contrária, justificando com frases cheias de ódio, cuspidas a quem sequer se conhecia, a tolerância fraqueja.

Quando a morte de alguém é "julgada" de menor importância, porque outras pessoas morreram e não tiveram a mesma repercussão, a tolerância fraqueja.

Quando se celebra a violência, o escárnio e a estupidez, desde que seja direcionado ao "lado contrário", imputando àqueles que assumem uma posição diferente os mesmos adjetivos que são tão refutados quando apontados para si, a tolerância fraqueja.

Quando, por conveniência, se reduz o complexo e plural ser humano a uma única sigla, tornando inimigos o que poderíamos tratar apenas como adversários, a tolerância fraqueja.

Quando, protegido pelo manto covarde da web se brada indiscriminadamente gritos de ladrão, doente, vagabundo, pregando a “morte” daqueles que não concordam com sua linha de pensamento, ainda que aos amigos, para amanhã ou depois, na sua presença, apertar sua mão como se nada tivesse sido dito, a tolerância fraqueja. 

Quando, ao olhar tanto à esquerda quanto à direita, não se vê mais a menor possibilidade de diálogo ou do desejo de aprender com os erros ou acertos do outro lado, a tolerância fraqueja.

Quando o bem comum se torna menos importante do que defender uma posição política, a tolerância fraqueja.

Quando deixamos de racionalizar, tornando-nos não mais que cães marcando território, urinando aqui e ali sem critério, a tolerância fraqueja. 

A máscara caiu. O Brasil de respeito às diferenças, que permitia distintos credos, distintas cores, onde tudo se misturava em um grande carnaval, “mostra a sua cara”. É um país que mata porque se torce por outro time de futebol, porque se vota em outro candidato, porque se reza para outro Deus ou porque ama quem não se pode amar. Cada mensagem compartilhada em redes sociais fazendo apologia à diferença, é uma ode ao ódio. Nos tornamos propagadores da intolerância, da barbárie e da boçalidade. Voltamos a ser medievais.






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