Dia destes após
fazer uma arte “muito feia” e de levar uma bronca a capricho, nosso filho de
quatro anos, o Érico, ganhou como castigo ficar um determinado tempo sem TV,
videogame e outras coisinhas que ele gosta, além disso, passou uns minutos em
sua cama para refletir sobre o acontecido. Não preciso dizer que ele chorou
bastante. Depois de uma hora, já acalmados os ânimos de todos, quando chegou a
hora de dormir, deitou e me convidou para ficar com ele até adormecer, balda
que lhe permito desde bebê. Foi então que se deu o seguinte diálogo:
- Filho, perdoa o papai ter brigado
contigo, tá? Eu não gosto de brigar contigo, mas também não gosto quando tu
fazes coisas feias.
-
Papai, eu perdoo tu e a mamãe. – simples assim.
Passados alguns
segundos em silêncio (muito porque eu simplesmente não sabia o que dizer), o
Érico continuou sua resposta:
-
Papai, sabe o que eu mais amo do tamanho do mundo?
- O que, filho?
- Tu
e a mamãe.
Logo, dormiu.
Custei para dormir naquela noite.
Cresci acreditando que a maior missão de um
pai é fazer do seu filho uma pessoa melhor do que ele, pai, poderia ser. Esta
ideia de “aprender com os mais velhos” ainda ecoa em minha mente, apesar de aos
poucos estar descobrindo que não é bem assim. Ao abrir os olhos e o coração para
observar meu filho, a cada dia percebo mais o quanto tenho a aprender com ele,
e o quanto isto pode tornar a mim uma pessoa melhor.
Nós temos duas
opções. Apenas duas. Ou nos tornamos “mestres” de nossos filhos e tentamos
fazê-los pequenas cópias de projeções de nós mesmos, imputando a eles
qualidades e habilidades que não tivemos e pelas quais somos frustrados, ou
então reassumimos nossa condição de “aluno” e descobrimos que ainda temos
muitas aulas para assistir, antes de acreditarmos que nosso caráter é
definitivo, irrevogável.
Tenho aprendido
muito com meu filho. Não tenho problema algum em afirmar que adquiro com Érico muito
mais do que ele comigo. O aprendizado que a criança nos dá é através de uma
pedagogia ingenuamente positiva e livre de conceitos e preconceitos. Redefini
através dele as palavras “tolerância” e “paciência”, da mesma maneira que tenho
entendido que o importante não é acalmar a raiva e perdoar, mas não se deixar
ficar com raiva. Ele desconhece o sentimento de rancor, pois é puro demais para
acreditar que querer mal alguém possa mudar positivamente alguma coisa. Curiosamente, fico entre a tristeza e a vergonha quando tento imaginar em que parte de nossas
vidas deixamos de nos relacionar desta forma com o mundo, para nos tornar
aquilo que somos quando nos viramos “adultos”.
Acredito, de
coração, que um dos maiores sinais de humildade e inteligência que um homem
pode demonstrar é entender que temos muito a aprender com nossos filhos. Que só seremos verdadeiramente sábios quando aceitarmos que eles podem ensinar
a nós muito mais do que nós a eles.
Creio que ainda tenho muito o que aprender com meu filho, antes de ousar acreditar que posso me titular "professor". Prometo ser um aluno aplicado.
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Simplesmente perfeito camarada!!! Belas e Sábias palavras. "NÓS", pais devemos sim dar voz e vez aos nossos filhos, pois devemos aprender a aprender, não podemos nem devemos vestir essa "fantasia de mestre". Devemos sim olhar o mundo com os olhos deles, claro que com a obrigação de orientá-los e os proteger quando necessário, mas nunca "podando" sua criatividade e sua capacidade de criação e argumentação, por achar que somos os detentores do conhecimento. Parabéns novamente...
ResponderExcluirGracias, meu brother!!! Abraço grande!
ExcluirLindo e emocionante. Como não pago imposto para chorar, pareço uma louca aqui na recepção secando as lágrimas. Parabéns colega, as mais lindas palavras e verdadeiras vem do coração. Filhos sempre um aprendizado, uma benção de Deus. Iana Peres
ResponderExcluirHehehe... obrigado, Iana! Um abração!!!
ExcluirLindo, amigo....parabéns por esse luxo de momento com teu filho. A foto de vocês dois esperando a onda fala muito.
ResponderExcluirAbraços. Roxane
Obrigado, Roxane! Um abração!
ExcluirLindo texto. Só quem convive com crianças como o Érico consegue entender essa magia e o poder que eles tem de transformar tudo e todos.
ResponderExcluirLely
É verdade, comadre!! Bjão e obrigado por visitar o blog!
ExcluirLINDO TEXTO MEU AMOR.... esse é o nosso filhote....AMOOOOOO VCS
ResponderExcluirOi, meu amor!!! Esse nosso filhote é tudo! TE AMAMOS!!!
ExcluirMeu Deus...o que foi isso? Chorei muito agora! Parabéns pelas palavras! Abraço
ResponderExcluirOi, Marcele! Brigadão!!! Abraço!
ExcluirLindo Leandro!Mas é assim mesmo, tem coisas que dói na gente,mas como tu disse,queremos que nosso filho seja melhor que nós! E o aprendizado é contínuo, o que é maravilhoso. Minha filha está com 21 anos e é gratificante ver que valeu a pena. Abraço!
ResponderExcluirBrigadão, Claudia!!! Um abraço!
ExcluirLeandro, sempre que tu envias os links do teu blog, dedico um tempo para ler o que escreveste e te confesso que nunca me arrependo. Tens o dom da escrita! Coisa boa sermos humildes, reconhecermos nossos erros e aprendermos com os nossos filhos, afinal quando nasce uma criança, nascem também um pai e uma mãe. Com estima,
ResponderExcluirMariana Arieta.
Muito obrigado, Mariana!!! Fico muito feliz que aprecias o que escrevo. Como não sou profissional das palavras, o que escrevo é com o coração. Um abração!
ExcluirColega! Eu acho que toda mãe e todo Pai são umas manteiga derretidas, pois, após ter brigado com os filhos quando fazem algo errado ainda ficamos arrependidos, lá em casa mesmo já vivi situação assim semelhante até hoje depois de uma boa bronca o Lucas vem pedir desculpa e dar beijos.
ResponderExcluirEu acho que os filhos são anjos que Deus nos emprestou para aprendemos com eles.
Colega adorei o teu texto um abraço da Mari.
Brigadão, Mari! Que bom que tu leste e gostaste! Abraço grande!!!
Excluirquando assim nos permitimos experienciar a crueza da paternidade e da maternidade, os pequenos nos desnudam, descobrem o que há de mais essencial e aí nos reencontramos com a beleza do amor. Nem sempre é um processo tranquilo, mas é o que há de mais importante nessa vida.
ResponderExcluirHehehe... acho que nunca é um processo tranquilo... E acho que isso é o que faz ser tão maravilhoso sermos pais... Abração!
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