OPINIÃO 033 - PORTA ARROMBADA, TRANCA DE FERRO

Estava pensando em publicar um artigo no Blog, já que faz tempinho que não publico nada, então resolvi deixar para depois.

Depois do que? Por que deixamos para depois?
Imagine quantas coisas deixamos de fazer simplesmente porque resolvemos não fazer agora, porque em outra oportunidade pode ser melhor, porque não temos tempo, ou simplesmente porque... Ah, sei lá. Depois eu faço!
Vivemos no país do futuro. Não, não é ufanismo. É uma lamentação mesmo. As coisas são postergadas para “mais adiante”, afinal de contas, sempre vai ter alguém lá na frente que poderá fazer por nós.

Pense nas coisas que decidiste fazer neste ano, mas que ainda sequer se mexeu. Sempre há um livro para ler, uma decisão importante a ser tomada, uma dieta a se começar ou uma frase que desejamos muito dizer há alguém que amamos, ou odiamos. Mas (in)convenientemente vamos deixando para depois.
Paramos de fumar depois que perdemos alguém próximo, que morreu de câncer. Decidimos fazer exercícios físicos quando o médico nos informa que estamos às vésperas de um infarto. Diminuímos desesperadamente a ingestão de açúcar quando nossa glicose já está nos mais expressivos níveis do diabetes. E por aí vai.
Assistindo televisão vejo pessoas comemorando a decisão das administrações municipais em, finalmente, fazerem vistorias rígidas nas casas noturnas. Algumas cidades fecharam todos os estabelecimentos, que somente poderão ser reabertos após a verificação das condições de segurança.
Não há como não fazer a pergunta: Por que foram necessárias 242 mortes para que as autoridades competentes (!!!???) resolvessem levar a sério os riscos que as pessoas correm ao frequentarem casas noturnas irregulares?
Mais uma vez somos conduzidos pelo DEPOIS. Procrastinar deveria ser a palavra de ordem em um país que sempre espera o momento “adequado”.
Será que um dia viveremos a era do ANTES? Onde as coisas seriam antecipadas, aceleradas, abreviadas?
Não há mais tempo para atraso, a vida não atrasa. Começo a acreditar, tristemente, que em nosso mundo a única coisa que não chega depois é a morte.
O resto... Sei lá, DEPOIS eu vejo.



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